O excesso de gordura corporal pode penetrar nos músculos, infiltrando-se tanto entre as fibras musculares e também dentro delas. Essa condição, denominada mioesteatose, ainda não é amplamente divulgada, mas merece atenção. Ela também conhecida como esteatose muscular, é uma condição médica em que há acúmulo anormal de gordura nos músculos.
Geralmente, associamos a gordura ao tecido adiposo sob a pele ou ao redor dos órgãos, mas a mioesteatose ocorre quando a gordura se infiltra nos músculos, podendo estar presente tanto entre as fibras musculares como dentro delas.
Essa condição pode afetar diferentes grupos musculares no corpo e é, muitas vezes, associada a problemas metabólicos, como obesidade, resistência à insulina e doenças cardiovasculares. Acredita-se que a mioesteatose possa ter efeitos negativos na função muscular e na saúde em geral.
Uma pesquisa recentemente divulgada na revista Radiology revelou que indivíduos com acúmulo de gordura nos músculos enfrentam um aumento no risco de mortalidade, comparável àquele associado ao tabagismo ou diabetes.
Por essa razão, os especialistas estão adotando uma nova abordagem com relação à presença de gordura nos músculos, semelhante ao monitoramento do excesso de gordura no fígado.
A pesquisa sobre a mioesteatose ainda está em andamento, e os médicos estão começando a entender melhor como ela pode afetar o corpo e quais são os riscos associados. Como mencionado anteriormente, estudos têm indicado que o acúmulo de gordura nos músculos pode estar relacionado a um aumento no risco de mortalidade, semelhante aos riscos associados ao tabagismo e diabetes.
Algumas das consequências negativas associadas ao acúmulo de gordura nos músculos incluem:
Prejuízo à função muscular
A infiltração de gordura nos músculos pode afetar a estrutura muscular e prejudicar a função contrátil dos músculos. Isso pode levar à redução da força muscular e à diminuição da capacidade de realizar atividades físicas.
·Resistência à insulina
O acúmulo de gordura nos músculos tem sido associado à resistência à insulina, que é um dos principais fatores que contribuem para o desenvolvimento do diabetes tipo 2. A resistência à insulina dificulta a absorção de glicose pelas células, resultando em níveis elevados de açúcar no sangue.
·Risco cardiovascular
A mioesteatose pode estar ligada a um maior risco de doenças cardiovasculares, como hipertensão, doença arterial coronariana e acidente vascular cerebral. O excesso de gordura nos músculos pode contribuir para a inflamação crônica e a disfunção vascular.
Redução da mobilidade
A perda de força e função muscular devido à acumulação de gordura nos músculos pode impactar a mobilidade e a capacidade de realizar atividades do dia a dia. Isso pode limitar a independência e a qualidade de vida.
·Impacto no metabolismo
O acúmulo de gordura nos músculos pode interferir no metabolismo energético do corpo. Isso pode afetar a
regulação do peso corporal e aumentar o risco de ganho de peso excessivo.
Diminuição da resposta ao exercício
O excesso de gordura nos músculos pode interferir na resposta do corpo ao exercício físico, dificultando os ganhos de força e resistência durante os treinos.
Associação com mortalidade
Estudos têm indicado que a mioesteatose está associada a um risco aumentado de mortalidade. A presença de
gordura nos músculos pode ter efeitos negativos na saúde geral, similar ao risco relacionado a fatores como tabagismo e diabetes.
Por isso, lembre-se de sempre consultar um profissional de saúde para um diagnóstico preciso e para receber orientações sobre como gerenciar e prevenir o acúmulo de gordura nos músculos.
Veja o estudo completo: https://pubs.rsna.org/doi/10.1148/radiol.222008
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BIANCA VILELA é autora do livro Respire, palestrante, mestre em fisiologia do exercício pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e produtora de conteúdo. Desenvolve programas de saúde em grandes empresas por todo o país há quase 20 anos. Na Boa Forma fala sobre saúde no trabalho, produtividade e mudança de hábitos. Não deixe de visitar o Instagram: @biancavilelaoficial.